Ensinar é um
exercício de imortalidade.
De alguma
forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela
magia da nossa palavra.
O professor,
assim, não morre jamais.
Rubem Alves
- A Alegria de Ensinar, 1994
O PODER DO PROFESSOR
É muito significativo que o Dia do Professor
ocorra em outubro. Este é o mês da criança, da
descoberta da América, da Revolução Russa, da ONU, do Dia Internacional
do Combate à Violência Contra a Mulher, do Médico, do Livro, do centenário do
vôo de Santos Dumont no 14-Bis.
Outubro também é um mês de eleições. Eleição
é a vitória da democracia, mas como sabemos, os resultados às vezes desapontam.
A democracia traduz-se, como a escola, em aprendizado. Mas a política nem sempre
é isso. Porque política é poder, e
poder, como dizia Lord Acton, corrompe.
O ensino e o poder têm uma coisa em comum:
ambos lidam com a informação, com o conhecimento.
O político sabe coisas, está
informado. O professor também.
Mas a atitude de ambos é diferente.
O político detém a informação. E é pelo fato
de estar detida, de não circular, de ficar em segredo, que a informação confere
poder.
O professor não detém a informação, o
conhecimento. O professor transmite a informação, o conhecimento. Este é o
objetivo de sua profissão. É um objetivo generoso. Mas não proporciona poder.
Agora: será que os professores querem poder?
No passado talvez isso fosse verdade. Não podemos esquecer que a escola já foi
um lugar repressor, usando até o castigo físico: a palmatória, a coisa de ficar
com os joelhos sobre grãos de milho.
O poder do professor não nasce da repressão.
Também não nasce dos conchavos e das manobras.
O poder do professor nasce da mais pura
expressão da democracia que podemos conceber, aquela democracia que busca
iguais oportunidades para todos através da educação. Que não é só transmitir
informação ou conhecimento. É muito mais.
É o estabelecimento de uma relação
emocional que persistirá pela vida.
É por isso que todos lembramos de nossos
professores.
Que esse mérito não é por todos reconhecido,
basta ver pelos salários que são pagos aos docentes.(...)
Guerra nas estrelas? Não, a guerra é aqui
mesmo, a guerra contra o desconhecimento, contra a insensibilidade.
E é uma guerra
que só pode ser ganha com os professores na linha de frente.
MOACIR
SCLIAR - Zero Hora
15/10/2006